Esquecimento comum ou Alzheimer?
À medida que envelhecemos, é natural que ocorram alterações em nossa memória. No entanto, é comum sentirmos uma certa preocupação quando há sinais de esquecimentos até então desconhecidos por nosso cérebro. Sendo assim, como então saber se esses esquecimentos são apenas parte do processo de envelhecimento ou se podem ser sinais de Alzheimer, uma doença neurodegenerativa?
Esquecer pode ser normal
Em primeiro lugar, é importante entender que esquecimentos ocasionais são comuns e normais em todas as idades. Perder as chaves, esquecer o nome de uma pessoa ocasionalmente ou ter dificuldade em se lembrar onde deixou um objeto são exemplos de esquecimentos cotidianos. Geralmente, essas falhas de memória não afetam substancialmente a vida diária e não são indicativos de doenças cognitivas. Preocupações, ansiedade, sobrecarga no trabalho, humor deprimido são alguns dos fatores psicológicos que podem acarretar num declínio cognitivo subjetivo e geralmente passíveis de uma reversão. No limbo no qual tais sinais seriam considerados normais ou um sinal de declínio progressivo é justamente onde se encontra o terreno desafiador para o neurologista.
Quando preocupar com a memória ruim?
Há alguns pontos que devem ser levados a sério. Dificuldade em lembrar informações recentes, confusão em relação a datas e eventos, perda de habilidades cognitivas, não conseguir aprender coisas novas, mudanças de personalidade e dificuldades na resolução de problemas são alguns dos sintomas preocupantes. Já acrescento que o “insight” do próprio paciente, ou seja, ele mesmo notar que não está indo bem, não é fator de exclusão para o diagnóstico de uma doença neurodegenerativa. No início isso tende a ser até comum. Se esses sinais forem persistentes e interferirem significativamente na vida diária, deve-se acender uma luz de preocupação. Não necessariamente são indicativos de uma doença, mas a pesquisa é de suma importância.
Como então diferenciar?
Um neurologista pode realizar uma avaliação completa dos campos da memória e realizar testes cognitivos para ajudar a determinar se há algum motivo para preocupação. Em alguns casos faz-se necessário uma propedêutica com exames de laboratório e exames de imagem, como uma ressonância magnética, a fim de encontrar possíveis causas para o quadro. Porém, ressalto que o diagnóstico de um quadro como o Alzheimer não é feito através de exames e sim de uma boa avaliação clínica com o neurologista.
Enfim, a memória desempenha um papel fundamental em nossas vidas, e entender a diferença entre esquecimentos cotidianos e sinais de Alzheimer pode trazer tranquilidade e orientação para aqueles que estão lidando com a preocupação de um possível diagnóstico. Lembre-se de que, mesmo se houver uma preocupação, existem intervenções e estratégias que podem ajudar a lidar com os desafios da memória e promover um envelhecimento o mais saudável possível. Esse sempre será meu objetivo.
ATENDIMENTO EM BH
DR. VICTOR CINTRA
CRM 73094
- Médico pela UFMG
- Especialista em Neurologia pelo HVC, BH
- Membro da ABN (Academia Brasileira de Neurologia)
- Membro do corpo clínico de Neurologia dos Hospitais Lifecenter e Vera Cruz
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